Brasília, 26 de junho
de 2013.
Nós, militantes de diversas organizações
políticas, pronunciamos nossa insatisfação ao constrangimento sofrido na Marcha
das Vadias. Durante o evento, nossxs militantes foram abordadxs pela
organização, solicitando que escondêssemos os cartazes e faixas que contivessem
símbolos ou nomes de organizações partidárias e movimento sociais. Fomos
informadxs de que tal posicionamento obedecia à Carta de Princípios da Marcha.
Neste
momento importante de participação popular e ocupação das ruas, quisemos formar
com as feministas revolucionárias um bloco histórico, a partir da unidade de
ação, de luta a favor dos direitos das mulheres e contra qualquer forma de
violência e discriminação
de raça, sexualidade, gênero, credo e classe, como proclama a Carta de
Princípios da Marcha. Sentimos a
discriminação contra nossas organizações na pele, durante o ato de luta.
Obrigadxs a baixar nossas bandeiras, nos sentimos agredidxs e impedidxs de
falar. Trabalhamos
dialogando, no âmbito do movimento feminista, em parceria com os demais
movimentos sociais que acumulam e ampliam ações de ruptura com as instâncias
que perpetuam as desigualdades sociais e econômicas e estruturam os pilares da
dominação patriarcal capitalista na contemporaneidade, pois a luta das mulheres é um movimento legítimo contra as
desigualdades que emergem da contradição de classe.
Se
a participação estava condicionada a determinados critérios, a organização da Marcha
deveria ter sido mais enfática quanto à restrição da participação dxs
militantes nos espaços de divulgação do evento como no facebook, twiter e no
blog.
Contudo,
mesmo na Carta de Princípios da Marcha, as posições a respeito da nossa
participação soam ambíguas, pois expõem que no dia do evento apenas não concordam com o uso de bandeiras, faixas
e carros de som que possam promover outros movimentos/intituições, mas não
proíbem ou restringem a participação. Ademais, aceitam o apoio de homens, coletivos movimentos, organizações, instituições e
partidos e, inclusive, incentivam a
participação com notas de apoio e participação na Marcha.
Ressaltamos
que nossa participação durante o evento foi de respeito e apoio incondicional à
Marcha. Em nenhum momento nos dirigimos para frente da Marcha com o intuito de
ganharmos a direção da mobilização. Dessa forma, repudiamos a ação de limitar a
nossa participação e a de nossos coletivos, movimentos e partidos sob a
justificativa de aparelharmos a Marcha das Vadias.
Acreditamos
que essa restrição quanto à participação segue a linha que tanto temos visto
nas mobilizações das últimas semanas no Brasil de hostilizar organizações
políticas que travam uma luta histórica contra a violência e exploração das
trabalhadoras e dos trabalhadores pelo capital.
Coletivo de Mulheres Ana Montenegro – DF
Consulta Popular DF
Movimento de Mulheres Camponesas -MMC
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST
Partido Comunista Brasileiro – PCB – DF